“O sintoma é a unidade elementar da contradição vida-morte. E o modo de produção capitalista sempre está orientado para a destruição das forças de trabalho. Os quadros sintomáticos classificados como esquizofrenias e psicoses são o conceito de tal contradição. O desdobramento das contradições desse conceito é a resistência organizada realizada pelo SPK. [...] Portanto, quem se ocupa seriamente com sintomas, tem que lidar com a violência da sociedade capitalista e, ao mesmo tempo, com a organização da contra-violência.”
Formado em 1970, o Coletivo Socialista de Pacientes (Sozialistisches Patientenkollektiv – SPK) foi uma experiência construída por médicos e pacientes da policlínica da Universidade de Heidelberg contra os resquícios da nazificação que pesava sobre o poder psiquiátrico à época. Ultrapassando os limites do engajamento antipsiquiátrico inglês, esta experiência traz a marca de uma profunda ligação entre luta política e doença - e isto de modo que, nas palavras de Félix Guattari, “o caso SPK revelou uma nova prática - do tipo da luta nas prisões, nas escolas, sobre os problemas da sexualidade, do aborto - e colocou a questão de um novo tipo de aliança.” Não sem motivo, o movimento foi brutalmente reprimido, tendo grande parte de seus membros presos e torturados pela polícia local.
“Fazer da doença uma arma” é seu manifesto de agitação, texto que se compromete com sua própria superação em meio às lutas nas quais porventura ele venha a circular. Como dirá Wolfgang Huber, ator importante dessa experiência e que acabaria preso por sua atuação política: “Atualmente, a maior indústria é a que finge produzir saúde, ou seja, algo que nunca existiu e que nunca existirá, a não ser como um produto da ilusão que alimenta o nazismo em todas as suas variações passadas e futuras. [...] Fazer da doença uma arma é o primeiro olhar para um futuro a ser construído, livre de nomes e soluções finais, governadores, fábricas de saúde etc. Nós o chamamos Utopatia.”
Com esta apresentação, convidamos todas as pessoas interessadas em debater essas questões a participarem do grupo de estudos do livro “Fazer da doença uma arma”. Segue o informativo:
Dia da semana e horário: quarta-feira, de 9h-12h (semanal).
Local: sala de reuniões 2 do PPGP-UFRJ (Instituto de Psicologia, campus da Praia Vermelha).